domingo, 5 de maio de 2013

Quimioterapia pode prejudicar a fala !

Por KARINA TOLEDO, estadao.com.br, 


Uma das maiores preocupações dos médicos ao tratar de um paciente com câncer na laringe é com as possíveis sequelas na voz. Embora no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha-se optado por evitar a cirurgia para minimizar as perdas vocais, especialistas ouvidos pelo Estado afirmam que a quimioterapia e a radioterapia também podem prejudicar a fala.
'A radioterapia causa um enrijecimento nos tecidos da região. E, quanto mais rígido fica o tecido, maior é da dificuldade para falar e para engolir', explica José Guilherme Vartanian, cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital A. C. Camargo. Segundo ele, Lula provavelmente terá de se submeter também ao tratamento radioterápico, pois a quimioterapia não é suficiente para eliminar esse tipo de tumor.
'A quimioterapia potencializa os efeitos danosos da radioterapia para a fala. Além disso, a região da laringe afetada pelo tumor não se recupera mais', diz.
Vartanian explica que a gravidade das sequelas vai depender do tamanho do tumor e do tipo de radioterapia utilizado. Mas, continua, os grandes hospitais da capital - como o Sírio-Libanês onde o presidente fará seu tratamento - já contam com técnicas modernas que causam menos danos aos tecidos da região.
A presidente da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, Mara Behlau, explica que, após o tratamento contra câncer de laringe, é muito comum que os pacientes fiquem com a voz mais baixa e mais rouca. Esses efeitos, no entanto, são minimizados com a ajuda de exercícios vocais.
'Lula é um grande comunicador. Tem uma voz naturalmente rouca que é muito característica de sua personalidade. Tenho certeza de que, com a reabilitação fonoaudiológica, poderá recuperar quase totalmente sua assinatura vocal', avalia a especialista.
Mara cita como exemplo o caso do cantor britânico Elton John, que nos anos 1980 se submeteu a uma cirurgia na garganta e depois voltou a cantar normalmente.
Segundo informações do Instituto Nacional de Câncer (Inca), tumores na laringe estão associados ao tabagismo - maior fator de risco - e ao consumo de álcool. Pacientes que mantêm esses hábitos têm probabilidade de cura diminuída e aumento do risco de aparecimento de um segundo tumor.